A profissão farmacêutica e o mundo de Alice

A profissão farmacêutica e o mundo de Alice

 

Está estranho o comportamento dos nossos representantes da profissão farmacêutica nesse momento já obtuso de plena pandemia. Além do projeto de Piso Farmacêutico e da Fiscalização Remota de Estabelecimentos Farmacêuticos, temos em discussão interna por dentro do colegiado federal a regulamentação do técnico em farmácia. Figura adorada por donos de redes de farmácias e drogarias além claro da indústria farmacêutica e de suas representações nacionais, os técnicos em farmácia seriam os famosos "bodes expiatórios" desse grupo. Várias tentativas de tirar o profissional farmacêutico de seu lugar nesses estabelecimentos ainda não lograram exito devido o advento da Lei 13021/2014 e da luta travada em tribunais e em Termos de Ajuste de Conduta para cumprimento da lei 5991/1973. Essa discussão pela regulamentação pode ser uma "faca de dois gumes" e até quem sabe um "fogo amigo" contra a profissão farmacêutica. Pagar menos e obter mais lucros com a famosa "empurroterapia" nas farmácias e drogarias seria um lance majestoso contra a saúde pública e o crescimento desses estabelecimentos como meros supermercados de remédio. A resolução 700/2021 do CFF é algo absurdo quando o mesmo é contra o "Farmacêutico Remoto". Em suma, você pode fazer fiscalização remota de estabelecimentos farmacêuticos e o farmacêutico não poderá estar lá de forma remota também. Nenhuma dessas práticas é saudável para a profissão farmacêutica e nem para a saúde da população. Sinto uma certa ingenuidade dos nossos representantes nessa hora, é como se vivessem no mundo de Alice no país das maravilhas onde as empresas farmacêuticas farão dizer que estão sendo fiscalizadas e tudo estará no seu devido lugar e os CRF's concordarão com tudo que as empresas mostrarão durante a remota fiscalização. Quando da fiscalização realizada fisicamente os estabelecimentos já apresentam problemas graves para cumprimento da presença do farmacêutico, imagina de forma virtual. O piso já é outra situação extrema em que pese a falta dos funcionários públicos para que a aprovação ocorra desse fabuloso piso. Só que esqueceram de combinar com os parlamentares brasileiros e os donos do mercado farmacêutico e nem foi apresentado nesse projeto feito cheio de vícios, qual será a carga horária para que o piso posso ser pago. Na verdade vemos mais uma vez uma proposta "eleitoreira" para cria uma falsa expectativa de algo que não será vislumbrado pois a proposta precisa de definição de carga horária. Para pequenos empresários do ramo farmacêutico criará mais obstáculos pois devido a necessidade de profissionais durante todo o horário de funcionamento o mesmo terá que pagar dois pisos desses por mês. Um custo bastante elevado quebrando de vez esses micro e pequenos empresários. Esse CFF está estranho e as atitudes tomadas são um estopim que poderá estourar nas mãos do profissional farmacêutico minando de vez com suas forças e conquistas. Por que não discutir o papel do farmacêutico gerente e legislar sobre suas condutas pois parte da empurroterapia passa por suas mãos na hora de bater metas e manter seus empregos e dos balconistas. Médicos e laboratórios farmacêuticos também tem sua cota de contribuição nesse contexto da venda de medicamentos sem a necessidade devida...