A Raiva Humana: conhecendo para se previnir

RAIVA HUMANA

1 - O QUE É RAIVA? A raiva é uma zoonose viral, que se caracteriza como uma encefalite progressiva aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus da raiva e, portanto, podem transmiti-la. A doença apresenta dois principais ciclos de transmissão: urbano e silvestre, sendo o urbano passível de eliminação, por se dispor de medidas eficientes de prevenção, tanto em relação ao ser humano, quanto à fonte de infecção.

2 - AGENTE ETIOLÓGICO: O Vírus rábico pertence à ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. Possui aspecto de um projétil e seu genoma é constituído por RNA. Apresenta dois antígenos principais: um de superfície, constituído por uma glicoproteina, responsável pela formação de anticorpos neutralizantes e adsorção vírus-celula, e outro interno, constituído por uma nucleoproteína, que é grupo especifico. O vírus rábico determina sempre nos organismos em que se instala, uma inclusão cerebral denominada Corpúsculo de Negri, por haver sido descrita pelo pesquisador com esse nome, no ano de 1903. Tais inclusões citoplasmáticas, quase sempre encontradas no cérebro dos animais e humanos, são tidas como patognomônicas da doença.

3 - RESERVATÓRIOS: O Vírus rábico pode infectar todos os mamíferos. Didaticamente podemos dividir a doença em ciclos de transmissão conforme os principais reservatórios da raiva encontrados no Brasil, a seguir: - ciclo aéreo, que envolve os morcegos hematófagos; - ciclo rural, representado pelos animais de produção; - ciclo urbano, relacionado aos cães e gatos; - ciclo silvestre terrestre, que engloba os sagïis, cachorros do mato, raposas, guaxinins, macacos e outros animais selvagens. PRINCIPAIS TRANSMISSORES DA RAIVA NA ÁREA URBANA: CÃO e GATO. PRINCIPAIS TRANSMISSORES DA RAIVA SILVESTRE: MORCEGO e MACACO.

4 - MODO DE TRANSMISSÃO: A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente pela arranhadura e lambedura de mucosas ou de pele lesada. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado pela saliva das pessoas ou animais infectados.

5 – SUSCEPTIBILIDADE E IMUNIDADE: Todos os mamíferos de sangue quente são susceptíveis à raiva e podem transmiti-la para outros animais. O homem é acidentalmente infectado, quando em contato com animais no período de transmissibilidade da doença. A raiva no homem e na quase totalidade das espécies animais é considerada 100% letal. A imunidade é conferida por meio de vacinação, acompanhada ou não por soro; dessa maneira, pessoas que se expuseram a animais suspeitos de raiva devem receber o esquema profilático, assim como indivíduos que, em função de suas profissões, se mantém constantemente expostos.

6 - PERÍODO DE INCUBAÇÃO: É extremamente variável, desde dias ate anos, com uma media de 45 dias, no homem, e de 10 dias a 2 meses, no cão. Em crianças, existe tendência para um período de incubação menor que no individuo adulto. O período de incubação esta diretamente relacionada à: • Localização, extensão, quantidade e profundidade dos ferimentos causados pelas mordeduras ou arranhaduras. • Lambedura ou contato com a saliva de animais infectados; • Distancia entre o local do ferimento, o cérebro e troncos nervosos; • Concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.

7 – PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda evolução da doença. A morte do animal acontece, em media, entre 5 a 7 dias após a apresentação dos sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissibilidade, que pode variar de acordo com a espécie. Por exemplo, especificamente, os quirópteros podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

8 – COMO SE TRANSMITE: A doença é transmitida ao homem principalmente através da mordedura de animais infectados. Ainda existem possibilidades, mais raras, de se contrair a doença por contato com material infectado de um animal raivoso, como saliva diretamente nos olhos, mucosas ou feridas. Ainda outros meios pelos quais pode ser transmitida a doença são: lambedura e/ou arranhadura por animais doentes de raiva.

9 – COMO SE EVITA: Vacinando anualmente cães e gatos, não se aproximando de cães e gatos sem donos, não mexendo ou tocando quando os mesmos estiverem se alimentando ou dormindo. Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.

10 – O QUE SE DEVE FAZER QUANDO AGREDIDO: A assistência médica deve ser procurada o mais rápido possível após a agressão. Quanto ao ferimento: deve-se lavar abundantemente com água e sabão e aplicar algum produto antisséptico. O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando, se necessário, a aplicação da vacina e/ou soro. Se possível, manter o animal (cão ou gato) em observação por 10 dias para ver se o animal manifesta doença ou morre. Caso o animal adoeça nesse período, informar o serviço de saúde imediatamente.Fornecer informações ao serviço de saúde quanto ao animal: se tem dono, endereço. NUNCA DEVE SER INTERROMPIDO O ESQUEMA PROFILÁTICO ANTIRRÁBICO HUMANO INDICADO.

11 – TRATAMENTO HUMANO: Não há tratamento para raiva humana. A prevenção é realizada através de vacinação (ou soro-vacinação) em caso de agressão por animais transmissores da doença.

Disponível em http://www.fvs.am.gov.br/images/pdf/gz-raiva.pdf, páginas de 1 a 4, em 29/05/2018

Para maiores informações sobre as alterações no esquema profilático da Raiva, ver Nota Técnica do Ministério da Saúde aqui...