O farmacêutico atuando na pandemia COVID

logo O farmacêutico atuando na pandemia acometido pela COVID-19
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Data de publicação: 09/06/2020

Autor: Eduardo Silva CRF 1658 PA

A COVID-19 veio num momento em que a saúde pública brasileira já cambaleante sucumbiu quando as suas Unidades de Saúde, UPAS, Pronto-Socorros e Hospitais estiveram abarrotadas de pessoas ou suspeitas ou portadores de SARS CoV-2. Faltou medicamentos e diversos profissionais foram afastados devido contraírem a doença. Porém alguns mesmo doentes necessitaram trabalhar ou porque estava se sentindo bem ou pela necessidade do serviço. Nesses momentos vemos que mesmo com os todos os itens de segurança ou seja de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva alguns colegas da saúde estavam inseguros de atuarem. Diferente dessa conduta que considero não adequada, mesmo com a suspeita da COVID estive atuando utilizando todos os meios adequados de proteção pois com a redução do quadro a necessidade de assistir aos pacientes atendidos da Unidade de Saúde era evidente. A pandemia não parou enquanto profissionais se afastaram de suas atividades. Medicamentos foram testados e continuam a ser usados na tentativa de evitar a hospitalização em massa que ocorreu em alguns estados e cidades do país com resultados promissores, porém a politização do momento criou situações antagônicas e até mesmo fora de contexto. Viver e trabalhar na Amazônia me fez ver que muitos profissionais farmacêuticos não conhecem a realidade de seus habitantes, pois trancados em suas salas e consultórios ou até mesmo em seus próprios conceitos pré determinados não enxergam o quanto pessoas mais simples e que vivem em condições nada salubres expostas as mais variadas doenças inclusive as de origem endêmicas. A malária maltrata a população amazônida a muito tempo e ninguém nunca se interessou reivindicar ou criticar o uso da cloroquina como opção terapêutica, devido a seus efeitos adversos no intervalo QT. Pura falta de senso, amazônicos que não conhecem a Amazônia e sua população e agora querem ser os "senhores anticloroquina". Não podemos como profissionais deixar nossas paixões e valores interferirem em nosso juízo profissional, e nem deixar desassistidos nosso principal foco, nossos pacientes a beira de um sistema caótico de saúde que quase sucumbiu pela sua falta de gestão em alguns locais desse Brasil. Ter opções faz parte da vida e não da morte. Talvez alguns de nós tenhamos tomado decisões que custaram a vida de muitos de nossos pacientes pela falta de um senso de responsabilidade pelo bem maior que é a própria vida deles. Nunca podemos esquecer que no número de vidas perdidas podem estar de algumas pessoas próximas a nós, inclusive de parentes e familiares além de amigos. Cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, sulfato de zinco, ivermectina, nitazoxanida,enoxaparina, ácido acetilsalicílico, esses medicamentos passaram em nossas mentes e foram prescritos nas mais variadas formas e protocolos, dispensados por uma infinidade de profissionais farmacêuticos e ninguém ainda sabe se os mesmos foram efetivos durante a pandemia, porém os números de recuperados no Brasil e no mundo podem nos dar uma ponta de um caminho que descobriremos depois de tudo isso se passar e voltarmos a nossa normalidade como profissionais. Ou não... Quem sabe?