Os MIPs e a automedicação

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Data de publicação: 10/03/2020

Autor: Eduardo Silva CRF 1658 PA

A automedicação responsável é definida pela OMS como a “prática dos indivíduos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados e disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros quando usados segundo as instruções”(10). Diversos fatores podem influenciar a prática da automedicação, como a veiculação de propagandas sobre medicamentos na mídia, a disponibilidade de MIPs, a presença de medicamentos nos domicílios, o baixo nível socioeconômico, a crença de que os medicamentos resolvem tudo, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, o aumento da expectativa de vida da população e, consequentemente, da carga de doenças crônicas(11,14). No Brasil, de setembro de 2013 a fevereiro de 2014, a prevalência estimada de automedicação foi de 16,1%, sendo maior na região Nordeste (23,8%). No geral, os MIPs corresponderam a 65,5% do total de medicamentos usados por automedicação. Os analgésicos e os relaxantes musculares foram os grupos terapêuticos mais utilizados, sendo a dipirona o fármaco mais consumido no País(11). A prática da automedicação tem preocupado as autoridades sanitárias e ainda é incipiente a conscientização da população quanto aos reais riscos embutidos no consumo de MIPs. Há vários problemas que podem afetar a saúde do paciente, como a hipersensibilidade aos componentes da fórmula, reações adversas e interações com outros medicamentos, vendidos sob prescrição ou não(4,15). Além disso, os pacientes podem fazer um autodiagnóstico errado dos seus sintomas e utilizar os MIPs inapropriadamente, com risco de mascarar a presença de uma doença mais grave que necessite ser avaliada por um médico. Ou ainda, alguns indivíduos podem utilizar doses diárias maiores que as recomendadas na bula do medicamento por acreditar que os efeitos esperados serão maiores ou ocorrerão mais rapidamente(16). A escolha errada de um medicamento, o uso em doses acima das doses máximas permitidas ou o uso impróprio dos MIPs aumentam o risco de ocorrência de toxicidade e eventos adversos(17). Para se fazer um diagnóstico adequado de sintomas é necessária a assistência de um profissional de saúde(8).Não confunda! O conceito da automedicação responsável não deve ser confundido com autoprescrição, que é o uso sem receita médica de medicamentos tarjados. O profissional farmacêutico tem um papel fundamental na orientação dos indivíduos quanto ao autocuidado e à automedicação apropriada e responsável e, quando necessário, no encaminhamento do paciente ao médico. Para isso, deve iniciar um diálogo com os consumidores, de forma a obter informações detalhadas sobre sua condição de saúde, seu histórico de uso de medicamentos e suas necessidades; auxiliar o paciente na escolha da opção terapêutica mais adequada, eficaz e segura para o seu caso; e educar o paciente, de forma clara e objetiva, sobre o uso racional do medicamento (como usar de forma correta e o que fazer em caso de ocorrência de eventos adversos, por exemplo)(5,8,10).

Extraído do Boletim de Farmacovigilância nº 09 • Ano 2020. As fontes citadas no artigo encontram-se disponíveis no Boletim de Farmacovigilância. Dúvidas entre em contato conosco por mensagem 91984617419 ou pelo Jivo© chat.